sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Valores Universais do Movimento Trance

 PLUR - Peace, Love, Union, Respect

P(eace) 
Paz. A tranquilidade interior que está dentro de cada um de nós, apesar de nem sempre sermos capazes de encontrá-la. Quando a possuímos, passamos calma e serenidade a tudo e todos que estão à nossa volta.

L(ove) 
Amor. O sentimento incondicional de afeto que sentimos por algo ou alguém. Pela lei universal da ação-reação todo amor que você der a alguém será devolvido a você de alguma forma. Lembro que as duas primeiras letras do PLUR representam nada mais nada menos do que a base do ideal hippie de vida ( Paz e Amor).

U(nion) 

União. Apesar de todas as nossas diferenças, todos compartilhamos um conjunto comum de características: somos todos humanos, imperfeitos e dependemos uns dos outros para nossa sobrevivência. Com paz e amor, a união permite a você se relacionar com outras pessoas APESAR de suas diferenças, e até mesmo se enriquecer com esta troca de experiências.

R(espect)
Respeito. Aqui temos que saber reconhecer e aceitar que somos diferentes, APESAR de nosso conjunto comum de características. Precisamos respeitar uns aos outros, a nós mesmos ( cuidando adequadamente de nosso corpo e mente) e até mesmo ao ambiente à nossa volta. Quem respeita não pixa, não agride, ajuda quando alguém precisa, não joga lixo no chão e zela pelo espaço a sua volta



A origem do termo P.L.U.R é controversa, mas acredita-se que tenha sido criado pelo DJ americano Frank Bones. Renomado Dj e considerado por muitos como o “o pai das Raves nos EUA”. Ele levou no ano de 1993 esse conceito à costa Leste americana, mais precisamente para Nova York, através de diversas grandes festas undergrounds que vieram a ser conhecidas como “Storm Raves”. Ao término de uma de suas apresentações, Bones explicou ao público do que se tratava a festa e em 4 palavras disse porque ele havia trazido a cena para Nova York: Peace, LoveUnion and Respect. Quando ele terminou, toda a platéia chacoalhou as mãos no ar em completa união e a partir daí a sigla P.L.U.R estava criada.

P.L.U.R é uma sigla para uma espécie de filosofia de vida, que as pessoas tem a opção de seguir. Nessa filosofia de vida, seria preciso saber cultivar a paz individual e coletiva, cultivar sentimentos de carinho e amor para com o próximo, incitar a união entre todos e respeitar coisas, meio ambiente e outras pessoas, independente de credo, raça, religião, gostos e opiniões, etc. Tudo muito bonito, mas não resta apenas saber o significado da sigla, e sim é preciso saber, entender e tentar colocar esta filosofia em prática.

Muitas pessoas acham que o P.L.U.R é uma filosofia derivada da época do WoodStock e em parte é verdade, por que os hippies foram os criadores e propagadores do “Peace & Love”. Mas não só dos hippies que se originou esse termo, cujo conceito é mais antigo do que o termo que o cunha, e saber sobre ele é uma importante forma de conhecer um pouco a respeito da cultura rave.

Grande parte dos conceitos dessa cultura foram absorvidos do mundo oriental, mais precisamente a Índia, país em que fica Goa, local onde se originaram as raves. A cultura e a mistura de religiões, como o Hinduismo, Budismo e Bramanismo, tornou os hábitos do oriental muito mais designado ao seu ser, como se fosse dono de si e senhor de suas escolhas e sendo assim atribui-se mais ao individuo e não a Deus fazer o mundo melhor. A partir desse preceito a cultura rave se formou em torno do conceito doP.L.U.R, e deveria ser implícito que as pessoas que participam dessas festas deveriam praticá-lo.

Na atual cena brasileira, o termo P.L.U.R parece ter tido seu conceito esquecido, assim como sua prática, e por isso cada vez mais perde sentindo e se enfraquece para muitos que freqüentam as raves. Isso aconteceu subconscientemente e gradualmente e, vem de fatores que estão fora das raves, principalmente dois: econômico e cultural. No contexto econômico sofremos com o modelo capitalista em que nossas vidas estão inseridas, que nos obriga a sermos principalmente competitivos. Transpondo para o contexto das raves, muitas pessoas não se olham mais como possíveis amigos, mas sim como possíveis competidores, o que bate de frente com o conceitoP.L.U.R. No contexto cultural, simplesmente há falta de informação (há casos em que a informação existe, mas pelo simples fato de vivermos em constante bombardeamento de informação, tendemos a simplesmente rejeitar e ignorar muita, e nesse processo dispensamos lixo, assim como coisas importantes e boas), que é necessária para alimentar a cultura. Muitas pessoas nunca ouviram falar do conceito P.L.U.R, e a maioria que já ouviu, simplesmente limita-se a saber quais palavras formam sua sigla.

Com a maioria das pessoas não conhecendo o conceito ou mesmo não entendendo realmente seu o significado (e por isso não sabendo o porque seria importante praticá-lo), o conceito P.L.U.Rse torna uma palavra vazia de sentido, sendo alvo fácil de deformações e deturpações, como é o que está acontecendo hoje nas festas. A palavraP.L.U.R vem erroneamente sendo associada apenas às “boas vibrações” e modismos que as festas possuem como pessoas que não se conhecem se abraçando, pessoas com roupas coloridas, bichinhos de pelúcia aos montes ou simplesmente faixas com palavras bonitas.

P.L.U.R não é apenas isso, e é exatamente por causa desse uso distorcido do sentido que pessoas que não concordam passam a atacar com movimentos anti-PLUR, qualquer um que seja a favor do movimento, sejam eles os que usam corretamente ou erroneamente o sentido (exs: vide movimentos “PLUR my ass” e a discriminação do pessoal “harebo” ou mesmo“FREAK”, como é rotulado o pessoal que leva o P.L.U.R mais a sério). P.L.U.Rdiz respeito ao espírito (no intrínseco sentido de suas palavras) que supostamente deveria reinar dentro dessas festas e também fora delas. Seria de certa forma o “Way of Life” perfeito.

Com a saída das raves do underground, a perda do sentido de conceitos importantes como o P.L.U.R, e a falta de informação ou de pessoas dispostas a informar e ensinar outras pessoas é o que faz das raves virarem grandes baladas a céu aberto. Muitas pessoas passam a ir em raves como se estivessem indo a uma outra balada qualquer ou micareta, e não sabem/entendem direito o que estão fazendo ali. Isso contribui ainda mais com a distorção do que deveria ser uma rave. (Que fique claro que não estamos criticando os que freqüentam a pouco tempo e sim os que distorcem o sentido da festa, sejam eles novatos ou veteranos de rave).

A filosofia do P.L.U.R (e consequentemente das raves) é defrontada hoje de duas formas: o uso errôneo do sentido e o direto ataque aos seus fundamentos. No âmbito do “uso errado do sentido”, vemos coisas estranhas acontecendo (assim como dissemos antes sobre bichinhos de pelúcia, animais de estimação, usar mascaras e fantasias ), como por exemplo o pensamento de que ser “PLUR” é ser feliz a qualquer custo ou pelo menos parecer ser feliz. Uma forma muito peculiar disso é o ato de querer ser amigo de todo mundo, abraçando todas as pessoas, mesmo as que nem se conhece, o que é estranho, pq fora de uma festa ninguém faz isso, nem mesmo essas pessoas. Esse uso errado do P.L.U.R faz parecer que uma festa é um portal entre o mundo real e o mundo do “faz de conta”, e isso, para muitos, não vai passar de bravata e de falsidade. Até aí tudo bem, apesar de estranho nada de maléfico, mas começa a complicar quando a segunda forma começa a se destacar, o “ataque direto aos fundamentos do PLUR”.

A segunda forma aparece através de diversos atos altamente ou completamente reprováveis, como: exagerar nas drogas (somos completamente contra o uso de qualquer entorpecente ilegal, chega os estragos que as bebidas podem fazer) e ficar tão doidão e sem controle, a ponto de agir de maneira agressiva e desrespeitosa (principalmente com mulheres, muitas vezes até acompanhadas) é uma das principais, pq pode dar origem a outros atos que também desrespeitam a filosofia, como brigas, discussões e empurra-empurra. Outros exemplos óbvios são os “showzinhos” que algumas pessoas adoram fazer, como dançar sobre caixas de som, subir nas estruturas metálicas da festa, arriscando até a vida, e conseqüentemente o bom andamento da festa, existindo exemplos de pessoas que ficaram até semi-nuas, o que é um comportamento lamentável e bate de frente com o conceito P.L.U.R.

Outra grave falta, e das mais reprováveis é o ato de jogar dejetos (latinhas, garrafas e bitucas de cigarro, etc) no chão da festa (que muitas vezes é feita em local no meio da natureza). Este é um ato extremamente lamentável, porque além de destruir o meio ambiente, o sujeito que pratica isso ainda tenta justificar a sua falta de consciência e educação dizendo que pagou para estar ali e por isso tem o direito de emporcalhar o local. Ninguém tem o direito de destruir o meio ambiente, sujando e jogando dejetos de qualquer tipo, por três simples motivos: primeiro, a consciência ambiental já está na hora de nascer na cabeça das pessoas; segundo, sujar é falta de educação, e esta, já deveria vir de casa; e terceiro, jogar dejetos constitui crime ecológico. Outras formas graves de ataque direto ao conceito P.L.U.R são o desrespeito ao gosto e opinião alheio, assim como discriminação (através de rótulos) de pessoas, por qualquer motivo (alguns exs. bordamos na matéria“Chacota? Isso existe mesmo?”), bem como desrespeito com os artistas que estão se apresentando, seja chamando-o de “chacota” ou gritando “acelera”ou mesmo vaiando, quando o estilo de som desse determinado artista não tem nada a ver com músicas rápidas e dançantes.

Alguns núcleos de festas também subestimam a capacidade do individuo de querer a paz, união, respeito e amor em raves e fazem de sua organização um motivo extra para desrespeitar as pessoas e deixar estas ainda mais com os “nervos a flor da pele”, pois não planejam a estrutura devida para o número de pessoas previsto, deixando, por exemplo, que se acabe a água ou o número de banheiros não é suficiente, não colocam lixeiras suficientes, transformando o local em um lixão a céu a aberto etc etc, e isso, quando não cobram valores injustificados em seus ingressos e bebidas. Todos esses motivos fazem com que haja descrença, e deixe o termo rotulado como um ideal inexistente, chato ou bobo. Em uma comparação exagerada, é o mesmo que pregar o comunismo, pois na teoria é nobre e bonito, porém na prática é complicado que dê certo, porque todos tem que fazer a sua parte, seguindo todas as regras e conceitos. E foi por esse mesmo motivo que o comunismo ruiu sobre ele próprio. É por esse simples fato que levantamos ao leitor o questionamento se, de fato, o P.L.U.R esta sendo praticado ou não.

A consciência começa quando encaramos as raves como festas e não como rituais, e que estamos lá para nos divertir com bom senso, sem invadir o espaço do outro, respeitando pessoas, coisas e meio ambiente, e não para praticar as barbaridades descritas no parágrafo acima. Para isso basta tentar levar o que há de melhor de nós para as festas. Fazendo isso já se está inconscientemente praticando um pouco de conceito P.L.U.R.

** Um detalhe curioso a acrescentar é que a cena Techno, apesar de não propagar o P.L.U.R e não seguir completamente seus conceitos, está mais adiantada e ajustada com essa filosofia do que a atual cena PsyTrance, que é sua principal divulgadora, pois há muito mais respeito entre as pessoas e artistas. **

Portanto, visto o retrato que mostramos da fase atual da cena, e para evitar uma maior degradação do movimento rave é muito importante que cada um tente fazer sua parte. Isso garantirá que essa filosofia volte a reinar nas festas de maneira verdadeira e todos se beneficiarão com isso, tentando também levar o conceito para fora das festas, para vida de cada um, no dia a dia.

Texto por Rodrigo Niemeyer Reinelt com colaboração de Rodrigo Robazzi 

21/06/05


Trance - Transcender


O trance é o som que nos faz “transcender” do lugar em que vivemos, à um outro ...
Seja pelo ritmo da batida ou pela diversidade de sons, todos transcendemos à um mundo utópico onde há liberdade, contato com a natureza e com todos os seres que habitam esse mesmo lugar, de maneira pacífica, unida, afetuosa e respeitosa.
Infelizmente, por conta de atitudes de pessoas que desconhecem a verdadeira filosofia, a batida que nos faz transcender foi estereotipada pela sociedade, e até mesmo por alguns que “se dizem” trancer’s, ocasionando o desvio da finalidade existencial.
Desta forma, em busca do Equilíbrio para o corpo e para a mente, e inspirados na dança de Shiva Nataraja, surge este núcleo que visa difundir o movimento e a verdadeira cultura trance.
Porque a dança de Shiva ? – Shiva é o rei (raja) dos dançarinos quando se manifesta no aspecto Nataraja, que é o momento em que Shiva através da dança (Tandava), cria, conserva e destrói o universo, prezando sempre a renovação e purificação dos aspectos negativos do homem, como a ignorância.

Imponente em sua roda de fogo, novamente o símbolo da renovação, Shiva representa o eterno movimento do universo, impulsionado pelo tambor e pela dança.
Nas raves, temos o psytrance com sua batida repetitiva e marcante como a de um tambor, assim como o tambor da dança de Shiva e como os usados por xamãs para atingir o estado de transe, êxtase da alma.
E temos, é claro, em sintonia com o ritmo da musica, a dança , dança de cada um, rito de libertação que experimentamos individualmente. E a dança conjunta, o espetáculo visto holisticamente, a soma da dança de cada um, resultando num espetáculo de celebração e magia que tem o poder de destruir; destruir a tristeza e a amargura da vida, assim como a dança de shiva destrói a ignorância, com o poder de renovar; renovar nossas esperanças, recarregar nossas energias, dando-nos cada vez mais força para continuar, e claro, com o poder de criar; pois a partir dessa comunhão entre o raver e a energia invocada que ali foi estabelecida, cria-se a possibilidade de imaginarmos qualquer coisa, tendo-a como algo real, tocável, uma porta aberta para nosso mundo interior.
E é esse o papel de cada raver, uma missão espiritual, a necessidade de se trilhar essa jornada, que carregamos subjetivamente em nossa alma... Na pista, na dança, na harmonia com o som, o raver, mesmo às vezes sem saber, invoca o espírito de Shiva Nataraja, e ali, tomado pela divindade, ele abre as portas de sua percepção, entregando-se de corpo e alma para o grande objetivo da festa, ao qual chegamos pelo meio da dança, da música e de todos os estímulos audiovisuais da rave: a transcendência !
Infográfico sobre historia e vertentes da musica eletrônica, aproveite!

http://techno.org/electronic-music-guide/


O Trance e o Estado Alterado da Consciência!

O Trance é um dos estilos musicais que revive o conceito original da música onde os ritmos são usados para alterar estados de consciência e trazer a espiritualidade e dissociação.
Não é do conhecimento de muitos que as origens da música são baseadas na repetição de baterias primárias em rituais xamânicos em busca da espiritualidade. Havia uma ligação clara entre a música e a consciência emotiva, e era através deste ritual básico que um estado de consciência podia ser alterado.
Mesmo com a evolução, é possível ver a evidência deste estado inicial nesse género (trance) da música eletrônica. Muitas formas de trance e house parecem encarnar esta faceta, é com a lenta mudança de tons e com as batidas repetitivas que é possível representar esta intenção primordial. O uso da melodia vocal e percussão (embora sintetizada eletronicamente) formam o fundo para a maioria das canções, imitando sons pré-históricos dos quais a música foi concebida.

Características do Trance 

As características específicas da música eletrônica (particularmente o Trance) trabalham para facilitar a quebra normal da consciência. A complexidade das canções consistem em até 9 ou 10 camadas simultaneamente (contra as 4 padrão para uma canção de rock ou 3 para o hiphop), no trance não há sons designados/necessários. Na verdade as músicas utilizam todo e qualquer instrumento para tecer uma teia complexa, todo instrumento tem o seu lugar, desde guitarra até saxofones.
O ritmo do baixo e do drum ao intercalar com outros sons pode provocar uma espécie de realidade temporal ou virtual. É muito fácil perder-se na música ou esquecer-se inteiramente e, ao fazê-lo, é possível esquecer todos os pensamentos estranhos e negativos por completo e voltar-se toda  a atenção a ela. Além disso, a natureza progressiva das faixas pode ter um efeito igualmente significativo sobre as funções corporais; ao progredir em ondas, uma canção em poucos segundos pode ter tanto um efeito estimulante quanto relaxante no ouvinte.
A progressão e a aceleração gradual do ritmo pode trazer um transe hipnótico no ouvinte (daí o nome do gênero) e distorcer o sentido do tempo. Tal impacto pode regular processos fisiológicos, harmonizar a taxa de um coração e sintonizar a química do cérebro de forma semelhante.

Ênfase no Sensorial sobre o Racional

A diferença é que o foco geralmente não está sobre o conteúdo das letras das canções mas no som como um todo. Neste sentido, os vocais são geralmente pouco mais do que uma extensão da música. Um bom exemplo disto é a nova técnica vocal no trance, a qual apenas um fragmento de uma palavra cantada é sampleada e mixada na música de tal forma que se torna indistinguível. Os vocais então se tornam apenas mais um instrumento na track e aumentam a complexidade da música sem envolver a uma razão para ser compreendida.
Nestes casos, o foco do trance (música eletrônica) é voltado mais para a percepção sensorial do que a racional (em que o conteúdo lírico desempenha algum objetivo político ou poético). O objetivo é despertar emoções e estados mentais sem o uso de palavras ou sem uma compreensão das mesmas. A maioria das músicas trance tendem a ter um conteúdo lírico que é simples na natureza, e embora as palavras podem ser poéticas e comoventes, os temas são simples e diretos. O gênero é uma experiencia emotiva, essencialmente.

Estados que afetam a Consciência
Um estado alterado de consciência é provocado por qualquer mudança no funcionamento normal da consciência psicológica. Isso pode acontecer por varias razões; música, drogas e religião servem como meios específicos para alcançar essa mudança. A música eletrônica pode ajudar a alcançar uma percepção alterada e uma dissociação completa da mente e do corpo.
A música trance, em especial, é estudada para estimular as ondas theta do cérebro associadas com os níveis de sono. É um estado de relaxamento extremo onde ocorre o sonho pesado, um fenômeno que é quase inatingível em um estado consciente. O único método conhecido para chegar ao mesmo estado é o da meditação intensa.
Além disso, raves e outros tipos de eventos similares podem ser vistos como um encontro coletivo de pessoas que se deslocam simultaneamente, não é raro sentir-se como parte de um todo. De acordo com o estudo religioso de Robin Sylvan,  “Ao longo de quase duas décadas, a cena rave evoluiu para muito mais do que simplesmente uma festa de música eletrônica. Para milhares de pessoas no mundo todo tornou-se uma importante fonte de espiritualidade e a ligação mais próxima que eles têm a uma religião. ”
Isto pode estar relacionado a formas particulares de experiências religiosas e meditações nas quais as palavras e orações são pouco mais do que um meio para despertar um estado alterado, ou à utilização de drogas como uma ferramenta para a espiritualidade. Os Sufis Dervish, por exemplo, entram em um estado de transe físico enquanto meditam para dissociar sua mente de tal forma que acreditam que assim, ficam mais perto de Deus. O uso de haxixe em rituais de algumas religiões orientais antigas não era nada incomum, tampouco para os sacerdotes astecas era ingerir o peiote como uma ferramenta para orientação espiritual ou visões.

A Música Trance como uma Força Transcendental
A dissociação da mente e do corpo, observadas em algumas experiências, pode levar a diferentes resultados, para alguns pode levar ao pensamento com clareza enquanto para outros pode fazer exatamente o oposto. A música pode ser um alívio para os pensamentos constantes que assolam a mente e fatalmente acabam em fardo, problemas e stress. O poder da música sobre os estados de consciência, em última análise é totalmente subjetivo. A música eletrônica é, portanto, um veículo através do qual se pode transcender em sua própria realidade para perder-se em uma força maior.

Referências:
  • Sylvan, Robin. Traces of the Spirit: The Religious Dimensions of Popular Music. NewYorkUniversity Press.
  • Sylvan, Robin. Trance Formation. Routledge.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Psychedelic Trance / Transe Psicodélico

Afinal, o que é um estado de transe?

Transe é um estado alterado de consciênciaO termo transe (trance, em inglês) é da mesma família do verbo « transir » (em francês) que, na Idade Média, significava « partir », « passar », « desaparecer ». É derivado do latim transire.

Transe (também) é o objetivo a ser atingido pela hipnose. Estado de consciência onde podem ocorrer diversos eventos neuro-fisiológicos (anestesia,hiperamnésia, amnésia, alucinações perceptivas, hipersugestionabilidade etc). Em hipnose o transe pode ser classificado basicamente em leve, médio e profundo. Sendo que os dois primeiros são de principal interesse das psicoterapias e o último bastante utilizado por odontólogos (dentistas).
Ao contrário do que se pensa o transe tem um caráter prioritariamente voluntário, ou seja, na ampla maioria das vezes é necessário que a pessoa submetida ao transe tenha concordado com tal procedimento, sob risco dele não ser obtido ou não ter utilidade prática alguma. Existe uma parcela da população que é facilmente sugestionada e que pode entrar em transe independente de sua vontade, mas esta parcela é, ratifico, bastante reduzida e são as principais "vítimas" ou "cobaias" de apresentações circenses de Hipnose.
O transe é identificado pelo eletroencefalograma como um padrão de ondas característico e pode ser obtido quimicamente; fármacos como os barbitúricos e enteógenos induzem ao transe e podem vir a ser utilizados como "soro da verdade" (droga-se a pessoa para obter informações que ela conscientemente não revelaria), tal procedimento é ilegal mas ainda não totalmente eliminado. Pode ser visto no filme de ação "True Lies" na cena em que o personagem do ator Arnold Schwarzenneger é interrogado por terroristas.

psicodélico, o que é?

É uma manifestação da mente que produz efeitos profundos sobre a experiência consciente. O termo "psicodelia" origina-se da composição das palavras gregas psiké (ψυχή - alma) e delos (δήλος - manifestação). A experiência psicodélica é caracterizada pela percepção de aspectos da mente anteriormente desconhecidos, inusitados ou pela exuberância criativa livre de obstáculos.
Experiência psicodélica ou estado psicodélico é um conjunto de experiências estimuladas pela privação sensorial, bem como por efeito no sistema nervoso de substâncias psicodélicas. Essas experiências incluem uma produção visionária semelhante à alucinações, mudanças de percepção, sinestesia, estados alterados de consciência semelhantes ao sonho, psicose e êxtase religioso.
Consta que o psiquiatra britânico Humphry Osmond (1917 - 2004) introduziu o termo psicodélico em uma reunião da Academia de Ciências de Nova York em 1957, descrevendo, o já referido, significado da palavra psicodélico como "o que revela a mente" e o definiu como "claro, suave e não contaminado por outras associações". Huxley tinha enviado a Osmond um verso rimado que continha a sua própria sugestão terminológica ("To make this trivial world sublime, take half a gram panerothyme"), a que Osmond teria respondido: "Para sondar o inferno ou elevar-se angélico , tome uma pitada de psicodélico". ("To fathom Hell or soar angelic, just take a pinch of psychedelic.")
Nos anos 60, as pessoas começaram a usar algumas drogas com fortes efeitos no cérebro, como o LSD. Estas drogas proporcionavam uma visão diferente do mundo, como se fosse um esclarecimento repentino, uma epifania. Não demorou muito para alguém se lembrar do significado de "psicodelia" e atrelar a palavra ao uso destas drogas, como se fosse a única forma de atingir tal atividade mental elevada. Foi aí que a psicodelia teve seu primeiro contato com o mundo da música, quando qualquer produção intelectual elaborada sob o efeito de alucinógenos foi classificada como psicodélica - especialmente o rock psicodélico.
- A psicodelia não está obrigatoriamente ligada ao estilo musical psytrance - o próprio psy aderiu a um conceito criado décadas antes e usado por diversas vertentes musicais, do rock psicodélico ao acid techno;
- A psicodelia não está obrigatoriamente ligada às drogas - apesar deste ter sido o uso mais comum da palavra nos últimos 50 anos, sua origem etimológica remete a atividades mentais intensas, não necessariamente com uso de aditivos;
Experiência Psicodélica 

A experiência psicodélica é caracterizada pela percepção de aspectos mentais originalmente desconhecidos por parte do indivíduo em questão. Os estados psicodélicos fazem parte do espectro de experiências induzidas por substâncias psicodélicas. Neste mesmo campo de estados, encontram-se as alucinações, distorções de percepção sensorial, sinestesia, estados alterados de consciência e, ocasionalmente, estados semelhantes à psicose e ao êxtase religioso.
Nem todos que experimentam drogas psicodélicas (como o LSD e psilocibina têm uma experiência psicodélica e muitos alcançam estados alterados de consciência através de outros meios, como pela meditação, yoga, privação sensorial, etc.
Niveis da Experiencia Psicodelica
Psychedelic Experience FAQ descreve cinco níveis da experiência:
  • Nível 1:
Aumento das capacidades sensitivas (principalmente visuais), tornando as cores mais "brilhantes". Ligeiras anomalias na memória de curto prazo. Mudanças na comunicação entre ambos os lados do cérebro, tornando a música mais expressiva.
  • Nível 2:
Cores realçadas, ligeiras alucinações visuais (ex. objetos se movimentam ), desenhos parecem adquirir terceira dimensão. Pensamentos confusos; considerável aumento das capacidades criativas.
  • Nível 3:
Alucinações visuais claras, tudo parece curvado ou alterado em outros aspectos, caleidoscópios ou imagens fractais vistas nas paredes, paisagens, imagens de pessoas, etc. Alucinações com os olhos fechados se tornam tridimensionais. Há alguma confusão entre os sentidos (ex. o indivíduo começa a "ver os sons como cores"). Distorções na percepção temporal e "momentos eternos". Movimentação corporal se torna extremamente difícil (muito esforço necessário).
  • Nível 4:
Alucinações extremamente fortes (ex. objetos se fundem com outros). Destruição ou divisão múltipla do ego (ex. objetos parecem conversar com o indivíduo, ou este começa a sentir sensações contraditórias simultaneamente). Alguma perda da realidade. O tempo perde seu significado. Experiências extra-corporais. Fusão dos sentidos.
  • Nível 5:
Total perda de conexão visual com a realidade. Os sentidos deixam de funcionar em seu estado normal. Total perda da noção de ego. Sensação de fusão do indivíduo com o espaço, outros objetos, ou universo. A perda da realidade torna-se tão severa que desafia sua expressão verbal. Os primeiros estágios são relativamente fáceis de se explicar em termos de mudanças mensuráveis de consciência e padrões cognitivos. Este nível é diferente porque o universo no qual as coisas são normalmente percebidas deixa de existir.
É chamado de Experiência Mística no âmbito das religiões. Acredita-se que tal sensação tenha influenciado no conceito de Deus mais primordial: na unidade com Deus.

fonte: en.wikipedia.org
O Trance

Trance x Psychedelic Trance

É de facto conhecida uma certa rivalidade entre o Trance e o Psychedelic, mais conhecido como PsyTrance, no Brasil e Portugal. Na sua essência, o Psychedelic mantém a mesma proposta de transe através do som. Porém musicalmente o estilo é diferente do Trance, o que caracterizou a antiga sub-vertente do GoaTrance como um novo estilo de Trance, para evitar subdivisões desnecessárias. O Psychedelic atual apresenta uma estrutura musical baseada em bpms altos, kicks sintéticos e pode apresentar, ou não, melodias (um dos elementos básicos no Trance e no GoaTrance).
Enquanto o Trance nasceu na Alemanha, o Psychedelic Trance foi originado em Israel com base também na Índia - devido ao GoaTrance, que surgiu em Goa na India derivado do Trance, caracterizando assim o Psy como um tipo de Trance
Trance, uma das principais vertentes da música eletrônica, emergiu no início da década de 1990. O gênero é caracterizado pelo tempo entre 130 e 160 bpm, apresentando partes melódicas de sintetizador e uma forma musical progressiva durante a composição, seja de forma crescente ou apresentando quebras. Algumas vezes vocais também são utilizados. O estilo é derivado do house e do techno1 , tendo pegado uma melodiosidade não característica do techno, com seus sons industriais, e menos orgânicos, além de parecerem menos melódicos.
Em geral, a maioria das canções são calmas e de efeito lento e constante na energia-alma e no estado de pensamento. A tradução literal do termo trance para português é transe. O nome foi recebido devido às batidas repetitivas e pelas melodias progressivas características, que levam o ouvinte a um estado de transe, de libertação espiritual, enquanto ouve.
Origens do Trance
Pode-se encontrar elementos primitivos da música trance nas raízes religiosas do shamanismo, hinduísmo e budismo. Mas o trance da forma moderna, eletrônica e evoluída em conjunto com outras formas de música eletrônica dançante, surgiu na Alemanha no início da década de 1990 .
Ao longo da década de 1970, Klaus Schulze gravou vários álbuns de música eletrônica caracterizados pelo ambiente atmosférico e o uso de sequenciadores. Em alguns dos álbuns da década de 1980 a palavra trance era incluída nos títulos, como Trancefer (1981) e En=Trance (1987).
Elementos que tornaram-se característicos da música trance também foram explorados por artistas do gênero industrial da música eletrônica no final da década de 1980. O objetivo era produzir sons de efeitos hipnóticos aos ouvintes, o que também poderia levar a um alto grau de estado de transe ou euforia.
Esses artistas do gênero industrial eram dissacioados à cultura rave, embora muitos já mostravam interesse no Goa trance, no qual o som é mais pesado comparado ao som que agora é conhecido como trance. Muitos dos álbuns produzidos por artistas industriais eram em sua grande maioria experimentais, e não tinham o intuito de originar um gênero musical com uma cultura associada—eles permaneceram fiéis às suas raízes industriais. Com o trance dominando à cultura rave, a maior parte desses artistas abandonaram o estilo.

Trance como gênero musical

As primeiras gravações realizadas começaram não exatamente com a cena trance, e sim pelo acid house originário do Reino Unido, mais precisamente pela banda The KLF. Eles utilizaram o termo pure trance para designar algumas gravações que na verdade eram versões, e que fizeram um grande sucesso comercial em 1991.
Além deste nascimento no Reino Unido pode também ser mencionado o começo do gênero trance em clubes alemães durante os meados da década de 1990 como uma ramificação do techno. Frankfurt frequentemente é citada como o berço do estilo. DJ Dag (Dag Lerner), Oliver Lieb, Sven Väth e Torsten Stenzel, são considerados pioneiros e produziram várias composições utilizando diversos nomes artísticos. Em 1991, Dag Lerner e Rolf Ellmer formaram o "Dance 2 Trance" (Dance to Trance), cuja música "We Come In Peace" representou a definição inicial do trance como estilo musical3 .

Trance atualmente

Atualmente, após ter perdido um pouco da sua força no fim da década de 1990, o trance voltou a ganhar força novamente a partir do ano de 2000 e permanece forte até hoje. Produtores consagrados na cena eletronica como Armin van Buuren, Tiesto, Paul van Dyk, Ferry Corsten, Paul Oakenfold, Dash Berlin, Emma Hewitt, Amdukias, Above & Beyond, Leon Bolier, ATB, George Acosta, Gareth Emery, Aly & Fila, Markus Schulz, Sean Tyas, The Thrillseekers, Ronski Speed, Alex M.O.R.P.H., Sander Van Doorn,Giuseppe Ottaviani, Andy Moor, Matt Chowski,Orjan Nilsen, MarLo, Ashley Wallbridge, Protoculture, Cosmic Gate, Vincent de Moor, 4 Strings, DT8, Blank & Jones, Darude,Yanou, John O'Callaghan, john 00 fleming, Mixshell, Yahel Sherman, Gary D, entre muitos outros, continuam a manter o gênero em al

 Estrutura Musical

O trance é formado em sua grande parte por batidas retas (4x4),que algumas vezes difere da batida do techno por ter um alcance de freqüência um pouco mais alto além dos sons graves. mas algumas vezes ocorre a mistura de batidas do hip hop ou quebra da estrutura 4x4 (quebradas). O baixo pode ter uma base de swing ou preencher totalmente a base remetendo ao full-on. Uma característica marcante do estilo é uso do sintetizador TB-303, que é utilizado para fazer levadas variando constantemente ou não a frequência de corte e com uma ressonância alta ou para produzir sons psicodélicos como "borrachas", "gotas", "bombas".usa-se também o Roland JP-8000.
Nos estilos mais melódicos há o uso constante de pads (notas com alta sustentação, também chamado string) deixando a composição mais atmosférica.

O Termo

O termo tem sido usado para descrever o que a maioria das pessoas chamam de "transe épico" na cena trance do Reino Unido, para descrever alguns não sediadas no Reino Unido atos transe comerciais, como Brooklyn Bounce ou Darude, que criou alguma confusão na terminologia e classificação. 'Muitos fãs britânicos chamam esses actos "uplifting casa" (quando na verdade esses artistas estão mais perto de progressive house / trance de trance uplifting)'. O termo também é usado no psytrance / Goa trance, embora estes estilos não são realmente significava a soar uplifting (existe a possibilidade de algumas pessoas podem estar pensando do termo "uplifting" neste caso significa "euforia").